sábado, 15 de agosto de 2009

Mora em mim


Mora em mim. Sem teto nem parede e com janela. Mora em mim. Com a porta aberta. Mora, traz suas coisas, todas. Vão caber. Não será em vão. Vamos acabar com esse vão. Mora dentro de mim pelas pernas pelos braços e cresce nos meus cabelos e unhas. Mora mas sai pra passear.

Traz as ruas por onde andar, aquelas nuvens, seus reflexos nos vidros. Traz as músicas das coisas, toca elas aqui. Pra eu vibrar. Não me conta nada, mas traz as imagens, todas elas. Todos os sons e os sinais, os pontos de luz. Mora em mim que te dou um beijo, um bocejo, um meio, um feito, um eu.

E quando eu não estiver é porque volto já. Venho trazendo cheiros, tipos de olhar, um ou outro jeito de falar, um punhado de gestos, uns restos. Talvez um gato.

Porque gosto da imagem do cheiro nas ruas com gatos e seus gestos que se confundem com os pontos de luz que vibram com a música em baixo das nuvens que refletem nos vidros como sinais.

Porque gosto também do seu jeito de falar como se fosse um gato que caiu das nuvens que dão sinais fazendo a gente vibrar como se tocasse música nos pontos de luz que refletem nos vidros.

E de tudo mais que você trouxer.

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